sexta-feira, novembro 21, 2008

boa noite, viaje bem

"Algumas pessoas dão risadas de solos de sax, mas nós ligamos o foda-se". A frase, tirada da edição deste mês da revista Rolling Stone, foi dita pelo vocalista do The Killers, Brandon Flowers, e ilustra bem a atmosfera geral e o clima do terceiro cd de umas das melhores bandas americanas surgidas nos últimos anos. Day & Age sai dois anos depois do último disco de inéditas da banda, Sam's Town, e um ano depois da compilação de sobras de estúdio e remixes, Sawdust.


O The Killers sempre enfrentará um problema grande ao lançar um disco de inéditas: a comparação com o debut da banda, o clássico indie Hot Fuss. Sim, sim. Aqueeeeele cd que contém pérolas como “Mr. Brightside”, “Smile like you meant it”, “All these things I’ve done” e “Somebody told me”. Isso pra ficar só nos singles oficiais. Depois veio Sam’s Town e a banda, ao mesmo tempo em que perdeu, ganhou mais fãs. Day & Age, apesar de pegar emprestado elementos dos dois primeiros discos, é totalmente diferente dos trabalhos anteriores do quarteto de Las Vegas. Acreditem, tem para todos os gostos.

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"Losing Touch" abre o disco de forma incrível e altamente promissora. A faixa, com baixo e teclados em evidência, não faria feio diante das pérolas pop de Hot Fuss nem dos rocks épicos de Sam’s Town (vide solo de guitarra, fechando a música). Logo em seguida vem o primeiro single do álbum, "Human", que remete um pouco ao synth-pop dos anos 80 e, de acordo com a medonha definição de Flowers, “ficou um cruzamento entre Johnny Cash e Pet Shop Boys.” A terceira música é "Spaceman". A melhor de Day & Age, disparada. Com o refrão mais "catchy" do ano, Brandon canta freneticamente: “The storm maker says it ain’t so bad/The dream maker’s gonna make you mad/The spaceman says everybody look down/It’s all in your mind.” E o poder da banda de fazer música pop de qualidade é elevado ao extremo.

Joyride é uma das faixas mais inusitadas e diferentes da banda. Ela começa com uma percurssão meio africana, uma linha de baixo bem dançante e um riff de guitarra bem funkeado, lembrando (um pouco) até o clássico BloodSugarSexMagik, dos Chili Peppers. E a frase com que esse post se inicia toma sentido depois do primeiro refrão da música, com um surpreendentemente-nada-deslocado solo de sax. Sim! E dá certo, acreditem! Enfim, a quinta faixa é a “semi-épica” “A dustyland fairytale”. Faixa que se encaixaria perfeitamente no trabalho anterior da banda. É uma boa música, que faz um bom encerramento da primeira metade do álbum.

A sexta faixa, “This is your life”, começa com uns “whoooa, whoooa” que parecem ter sido tirados de algum ritual de alguma tribo africana! Ou simplesmente do filme "O Rei Leão". Hahaha. Apesar dos elementos inusitados, a faixa é uma das melhores do disco. “I can’t stay” é, com certeza, a faixa “menos The Killers” da história da banda. Pra vocês terem idéia, escutando ela dá vontade de ver "Lilo & Stitch" e/ou ir pro Hawaii tomar aqueles drinks com guarda-chuvinhas e ganhar um colar de flor(!!!). Sem mencionar o, como disse alguém por aí, solo-de-sax-de-motel que tem no meio da música. Hahaha. E o mais impressionante de tudo isso é que a música é boa! Muito boa, eu diria! “Neon Tiger” é mais uma boa faixa do álbum e que “prepara terreno” para o maravilhoso encerramento do disco. “The world we live in” tem um quê de synthpop oitentista e lembra um pouco o novo trabalho do Keane. Linda música. “Goodnight, travel well” é uma das mais grandiosas e ambiciosas composições da banda. Com uma letra bem introspectiva, “The unknown distance to the gray beyong/Stares back at my grieving frame/To cast my shadow by the holy sun/My spirit moans, with a sacred pain”, a banda encerra de forma brilhante seu novo trabalho.

Day & Age, apesar de privilegiar mais a “cozinha” (pra quem não sabe, é baixo + bateria) e deixar as guitarras de Dave Keuning em segundo plano, compensa no uso de sintetizadores, pianos, arranjos de cordas e metais. Uma mistura que pra maioria das bandas de rock não cairia bem. O que mostra que o The Killers evoluiu o bastante pra se dar ao luxo de arriscar e acertar, deixando-os um nível acima da “maioria das bandas de rock”.

No link abaixo (retirado da comunidade da banda, no Orkut) há ainda duas faixas-bônus: a excelente (e já postada aqui) "A crippling blow" e a normalzinha "Forget about what I said".

The Killers - Day & Age

Aproveitem um dos melhores lançamentos do ano. =D


Já, já eu volto com novos vídeos de bandas legais e o cd bônus do Coldplay!


cheersss...